Edmilson Peixoto
Após frisarmos sobre a cultura da não-violência, acreditamos que seja necessário dar continuidade a um tema de extrema importância, num momento histórico que constantemente estamos desconstruindo muitas práticas violentas das quais fomos formados e até submetidos, analisando ao mesmo tempo a possibilidade de contribuirmos também para praticarmos uma cultura de paz.
Se observarmos à nossa volta, podemos perceber várias construções perversas de violência contra o ser humano, principalmente contra os mais pobres que sofrem das piores mazelas sociais. O esquecimento ou abandono do cidadão e da cidadã pobre é um dos mais aberrantes modelos de violência já construídos, principalmente no campo da representação de cunho democrático, e aqui percebemos que esse povo, que é a maioria absoluta, é aquele que mais contribui para referendar esta representação. Por outro lado, o esquecimento e o abandono são seus maiores aliados, mesmo sendo “representados” nas diferentes esferas de poder.
Um exemplo simples desta violência contra os seres humanos pode ser daqueles que moram bem próximos e na mesma região da maior usina hidrelétrica totalmente brasileira, localizada no município de Tucuruí, e onde estes humanos, não contam com um sistema de distribuição de energia, no seu bairro, na sua rua, e é taxado de “clandestino” quando conseguem com muito sacrifício, milhares de metros de cabos elétricos para ligar em alguma rede que passar mais próxima de suas casas, operando verdadeiras gambiarras denominadas de “gatos” para que possa ter uma viver o “progresso” juntamente com suas famílias.
Mas, os excluídos do sistema elétrico, não tem um comprovante de residência, normatizados por uma fatura de energia, de água ou telefone; não tem iluminação pública; e muitas vezes não conseguem nem acender uma lâmpada nas pontas de redes.
Este é apenas um exemplo da infinidade de violências que a cada dia somos submetidos e que passamos despercebidos e não paramos para verificar quem são os verdadeiros responsáveis.
O pior de tudo mesmo é quando os desumanos apenas aceitam e vivem a reclamar nos bastidores da miséria. Obviamente estes sempre serão ainda mais desumanizados e não conseguem desconstruir este tipo de violência, mas, se iniciar um processo de construção de mobilização e luta coletiva, com certeza, as vitórias também poderão ser consideradas com a desconstrução de violências invisíveis e passar a humanizar o ser humano. Vamos unificar para à luta.