Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 28 do Jornal "O Pioneiro" e AQUI no blog do Hisoshi Bogéa

Está chegando o Natal. Data que simboliza a esperança e o renascer de uma “nova vida” para milhares de pessoas que “vivem sem esperança” e lamentam constantemente da vida que tem. Mas, apesar de todas as controvérsias e transigências que recheia a origem do Natal, é o momento da representação máxima da celebração cristã do nascimento do maior herói de toda a humanidade - Jesus Cristo.

O Natal representa também o lúdico que encanta todas as idades e direciona ao consumismo principalmente daqueles que menos tem, mas que precisam culturalmente presentear pela data que exige a lembrança, através de uma recordação material preparada pelo capitalismo para agradar todos os consumidores e aumentar as “cifras do lucro”.

Natal é ainda o dia de amenizar o “peso da consciência e dos pecados” e praticar o bem. É ser solidário e doar-se numa constante demonstração de gratidão e fraternidade.

Aí, recordo-me de uma das maravilhosas canções do padre Zezinho que diz: “...tudo seria bem melhor, se o Natal não fosse um dia e se as mães fossem Maria e se os pais fossem José e se os filhos parecessem com Jesus de Nazaré”, e imagino se esse Natal solidário não fosse apenas um dia, poderiam servir “sopão” e até doar roupas e brinquedos velhos diariamente aos indigentes. Poderiam deixar de exigir mais segurança contra os pobres, negros e favelados e parar de ficar implorando pela pena de morte, pela redução da maioridade penal, não desejar mais ver as mulheres mortas por praticarem aborto, nem desejar mais a morte e a destruição dos favelados ou sentir ódio e medo das crianças nos faróis, e até se indignar por todo e qualquer tipo de trabalho infantil, trabalho escravo ou aquele insalubre praticado por idosos, pela prostituição de crianças, adolescentes e jovens, por lhes faltar oportunidades e igualdade de condição.

Talvez com a prática efetiva da verdadeira solidariedade, fosse possível amenizar situações conflituosas de vidas sofridas diuturnamente de milhares de pessoas que passam “fome de comida”, “de educação”, “de saúde” e a pior de todas elas que é a “fome não saciada por justiça”, convivida com a injustiça da própria justiça e dos “algozes corruptos e inescrupulosos” que são referendados como representantes do povo e aproveitam o Natal para mandar aqueles cartõezinhos idiotas com dizeres do tipo: “vamos juntos construir um novo tempo”.

Entretanto, ser solidário é indignar-se com a existência de milhões de pobres e miseráveis que vivem sem Natal e sobrevivem o ano todo com migalhas ou passam fome, em contradição com tanta riqueza que se concentra nas mãos de poucos. Por outro lado, não é somente se indignar, mas lutar contra todo e qualquer tipo de desigualdade e discriminação humana durante todos os dias de cada ano.

Que o espírito do Natal esteja sempre conosco. Feliz Ano Novo a todos e todas.
Edmilson Peixoto
Autor: Antonio Nilson Paz
Poeta paraense

Toda a beleza do mundo está:
No canto de quem canta;
No corpo de quem dança;
Na manhã que se levanta em todo amanhecer.

Toda a beleza do mundo está:
Na boca de quem beija;
No abraço de quem abraça;
Na alma de quem ama em todo entardecer.

Toda a beleza do mundo está:
No desejo de querer;
Na maneira de falar e no no jeito de fazer.

Toda a beleza do mundo está:
Na forma de lutar;
Na grandeza de viver e no vento a soprar.

Toda a beleza do mundo está:
Nos olhos de quem vê.
Edmilson Peixoto
Autor: Werventon dos Santos Miranda
Doutorando em Matemática na UFPA

Meu colega Werventon Miranda, está apresentando alguns pontos para reflexão e debate acerca da tão necessária Reforma Política neste país. Como faz-se importante que todos tomem conhecimento e participem com mais sugestões, a mim foi cedido pelo autor para divulgar este Fragmento reflexivo descrito a seguir:

"Os resultados do 1º turno das eleições 2010, na qual fomos às urnas no intuito de escolhermos nossos representantes para as Assembléias Legislativas estaduais e distrital, Câmara Federal e dois dos três senadores por estado e do Distrito Federal além dos que irão responder pelo executivo dessas respectivas unidades federativas e pelo país; mostrou que as incoerências de nosso sistema político-eleitoral começa a desagradar também os que dele vivem (os políticos) como a muito vem incomodando a nós eleitores.

A proporcionalidade para a representação legislativa faz com que candidatos de votação expressiva conquistem o mandato para si e para outros do mesmo partido ou coligação, deixando sem mandatos outros que receberam menos votos que eles, porém muito mais do que os outros que assumirão o mandato em função do prestígio do 1º e não por ter reconhecimento de seu próprio trabalho e/ou propostas.

Mas o que está por traz da proporcionalidade? É ela ou há outra coisa que está distorcendo a vontade popular?

Aparentemente ganha força a necessidade de uma reforma política. Entre os pontos de destaque está à fidelidade partidária, o financiamento público de campanha, a lista pré-ordenada, etc.; ou seja, o respeito à vontade do eleitor não fica evidente nesses pontos. As discussões iniciais não deixam claro o peso da opinião popular nos critérios de alteração; por exemplo, o eleitor poderá alterar a ordem dos candidatos na lista? se não vai, qual será a diferença em relação ao que acontece hoje, quando o mais votado é um, e o investido no mandato é outro? Acabará a coligação para os mandatos proporcionais? O voto continuará obrigatório para a maioria da população? Os votos brancos e nulos continuarão sendo ignorados na apuração?

Sou o tipo de eleitor que vota no candidato independente do partido ou coligação a que o mesmo pertença. Se legenda partidária fosse garantia de idoneidade política, partidos que condenam a corrupção em um dado momento não teriam alguns de seus filiados envolvidos neste tipo de falha em outros. Tenho resistência a ideia da lista pré-ordenada ou “fechada”, que na prática torna obrigatório o voto de legenda. Mas diante do que tenho observado nas últimas eleições, já aceito discutir o assunto nos seguintes termos:

1. O voto seria facultativo para todos, porém as eleições só teriam validade se 70% ou mais dos eleitores comparecessem as urnas, e desses, menos de 50% votassem branco ou nulo;

2. Em caso de não validade das eleições por não atender os requisitos do item 01 (um), outra eleição seria convocada para no máximo 180 dias depois, sem que os candidatos que participaram da eleição invalidada participem; pois os mesmos e/ou suas propostas foram claramente rejeitadas;

3. O voto para o legislativo proporcional passaria a ser feito em duas etapas: na primeira o eleitor escolhe a lista partidária de sua preferência ou invalida a escolha (voto nulo ou branco); na segunda o eleitor teria a opção de confirmar a ordem feita pelo partido ou digitar o número do candidato daquela lista que ele quer que esteja em 1º lugar. A lista seria reordenada se 50% mais um do número de eleitores que escolheu a lista não a tiver confirmado;

4. O número de candidatos de cada lista terá obrigatoriamente o dobro do número de vagas a ser preenchidas.

Pelo que pude entender, a questão da lista pré-ordenada está vinculada ao financiamento público de campanha e a obrigatoriedade de ser vinculado a um partido para ter direito de registrar a candidatura (como hoje); no entanto, acredito que já é hora de se discutir a possibilidade da candidatura de quem não tem filiação partidária. Na hipótese de candidaturas sem vínculo partidário para qualquer função ou esfera, o financiamento de campanha seria público ou cada candidato deveria buscar doações como ocorre hoje? Após ser eleito o candidato poderia a qualquer momento se filiar a um partido ou deveria aguardar a “janela política” como na prática atual?

Acredito que muito do que se pratica hoje pode e deve ser mantido como: a proporcionalidade seria aplicada pelo coeficiente eleitoral, (só que para as listas ou candidaturas avulsas), a cota feminina, a ficha limpa e outras seriam preservadas.

Não tenho condições ou a pretensão de ter uma proposta completa em um tema tão complexo; mas como eleitor que às vezes tem que comparecer as urnas em primeiro ou segundo turno sem que haja realmente uma opção de escolha, na iminência de ter o sistema eleitoral discutido sob a ótica dos políticos, gostaria de ser uma voz a se considerar e que cada um dos partidos políticos promovesse em cada cidade um seminário para discutir com a população sua visão de reforma política e outras que são tão reivindicadas; mas discutidas as portas fechadas."
Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 26 do Jornal "O Pioneiro"

Canaã, de acordo com as descrições bíblicas era a terra prometida por Deus aos descendentes hebraicos após o êxodo do Egito. A terra que jorrava leite e mel em abundância.

Canaã dos Carajás é também uma terra prometida que atraiu muita gente heroica e brava do norte, nordeste sudeste, do sul, centro-oeste e de todo o Brasil, pois é a terra que mina o cobre, o níquel, o ouro e outros tesouros conforme transcrição de Jeová Gonçalves de Andrade na letra do maravilhoso hino em homenagem ao município.

Para chegar a Canaã bíblica prometida por Deus e saciar-se com o leite e o mel, grande multidão se deslocou durante anos para viver na plenitude. Também para a Canaã do Sudeste Paraense veio gente deixando o passado em terras distantes e depararam aqui com imensas riquezas. Mas, o nosso leite e o nosso mel em forma de minérios, passaram a ser vistos apenas saindo em grandes quantidades do município para alimentar a famigerada fome insaciável do lucro multinacional. Ficando por aqui, apenas o sonho de ter um lugar digno para viver, junto com o “rejeito”, daquilo que é descartado por não agregar valor comercial e uma imensa cratera.

Os otimistas podem até partir do princípio que são apenas dezesseis anos de caminhada da Canaã daqui, enquanto que na Canaã de Israel, a caminhada durou quarenta anos com muita luta, cansaço e sacrifícios para enfim encontrar muito leite e mel. Mas o que nossa “jovem Canaã” terá para oferecer aos seus filhos quando estes tiverem quarenta anos de caminhada? Não é preciso saber fazer previsões futuristas, nem ter uma visão pessimista para imaginar o imenso buraco que servirá para sepultar aqueles que desafiaram o futuro no verde escuro no seio da Amazônia para construir e viver nesta cidade de sonhos com esperança juvenil.

É o sonho do povo que através do trabalho duro, cresceria e se desenvolveria com dignidade junto com sua família e saciaria com o leite e o mel doado pela mãe natureza. Portanto, os “insaciáveis” pelo capital, querem cada vez mais e mais. Agora passaram também a vender saúde, educação, cultura e até mesmo essa gente. Tudo em nome da ganância e do lucro, enquanto a intenção divina era que houvesse a divisão coletiva da produção, através de uma justa distribuição da renda proveniente desta riqueza, aplicada em saúde e educação de qualidade, energia elétrica decente, saneamento básico e outros componentes necessários para a satisfação do sonho dos canaenses de viver com dignidade.

Parabéns Canaã! Que um dia consigamos alcançar a estância com toda a esperança através da união do povo e fazer parte de sua história. Mas, primeiro é preciso que sua gente se conscientize para não continuar sendo surripiadas pelos faraós “sanguessugas” deste município e que o seu leite e o seu mel possa ser melhor distribuído entre seu povo.
Edmilson Peixoto

Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 24 do Jornal "O Pioneiro"

Está se aproximando o dia de mais uma eleição. De um lado o “povão” inerte, confuso, frustrado e muito decepcionado. Tudo porque é chegado o momento de referendar os nomes dos seus “representantes”. O pior é que nunca, ou dificilmente estes representantes realmente os defendem quando eles mais precisam. A desmotivação do voto é fruto desta relação mal sucedida e pela falta de participação popular na vida e nos acontecimentos políticos.

Por outro lado estão os pretendentes a representantes. Todos, assim muito apaixonados pelo voto desta gente, parece até amor à primeira vista. Por isso, o que tem de paraquedistas caindo por aqui, não é brincadeira. Inclusive tem gente que nem sequer tínhamos ouvido falar que existia, mas, estão por aí declarando que ama esta cidade e seu povo como nunca amou ninguém. Outro dia ouvi um discurso de uns candidatos da capital que quase chorei de emoção. Estes “cidadãos” tem um poder de embromação tão grande, que se você não tomar cuidado, eles te enrolam mesmo, dizendo que vai fazer e que tudo vai acontecer. Que não fez porque o tempo foi curto. Que precisa de mais, [tempo?]. Pior que sempre acreditamos.

Cada dia torna-se mais difícil esta relação entre representantes e representados e temos que escolher. O que fazer? É difícil por existir poucas alternativas. Primeiro, nunca sabemos quem realmente indicam estas pessoas em quem devemos votar e nos representar. Os partidos sempre repetem os mesmos políticos e não oportunizam gente de ideias novas e quando isso ocorre, os antigos já tem o domínio e as “treitas” eleitorais, não dando chances de disputa para quem pensa e quer agir diferente. Por último, tivemos candidaturas indeferidas de pessoas que nunca ingressaram na política, enquanto antigos políticos tiveram suas candidaturas aprovadas mesmo tendo um passado de ficha imensamente “suja”, ou melhor, “imunda” e estão aí disputando mais um pleito eleitoral e com “chances” de serem mais uma vez, eleitos

Uma das alternativas seria apoiar os candidatos locais, pelo menos teríamos a oportunidade de estarmos mais próximos e cobrar nossa participação política porque todos os indivíduos têm o dever de participar da vida social, afinal, os representantes devem apresentar as demandas dos seus representados e estes conhecem ou vivem um pouco esta realidade.

Portanto, com o comportamento dos nossos políticos, não é raro que as pessoas se recusem a exercer seu direito de participação, e se limitam a cuidar dos assuntos de seus interesses particular imediato, dizendo que não gostam de política ou que não entendem disso. Outros, já gozam de situação econômica privilegiada e acham que, por esse motivo, sempre viverão bem, mesmo com um mal representante. Não se importam com o fato de haver pessoas e famílias sofrendo discriminação e vivendo na miséria, sem terem o mínimo necessário para estar de acordo com as exigências da dignidade humana, assim, não é justo que só alguns tomem as decisões que os outros ficarão obrigados a cumprir, principalmente se estas decisões partem daqueles que se dizem representantes do povo.

Que possamos eleger pessoas dignas de nos representar e que nos oportunize a participação no processo político atendendo aos anseios e expectativas populares.
Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 20 do Jornal "O Pioneiro"

O título nos remete a uma daquelas fábulas de fundo moral, mas é apenas o cenário político brasileiro da era FHC/Lula que pretendemos abordar, onde o cargo e o tempo de mandato são algumas das comparações que ainda os igualam. Portanto, as vidas pregressas e as gestões são marcas totalmente diferenciadas entre os dois estadistas.

FHC encerra o período de sua gestão no final do século XX e Lula começa após os dois primeiros anos do século XXI, em campos opostos tanto na condição social, econômica e educacional. A formação acadêmica de cada um passa a servir de parâmetros para discursos que somente se esvaziam quando a prática assume o lugar da teoria, tornando perceptível a discrepância inigualável entre Fernando Henrique Cardoso, doutor em Sociologia capaz de falar diversos idiomas e Lula, taxado de analfabeto, conhecedor da profissão de torneiro mecânico e que ingressara na carreira política graças a sua forte atuação na luta sindical.

Lula que não compreendia e não se inseria no mundo dos letrados, compreendeu muito bem como lidar com as dificuldades de oitenta por cento de uma população pobre devido ter saído daquele meio. Encerra assim, um segundo mandato consecutivo com oitenta por cento de aprovação, refletindo as respostas daquela mesma massa esquecida pela elite para quem FHC governou e que ainda faz parte.

A gestão FHC, marcada pelo modelo neoliberal globalizante com a venda de estatais importantes como a Vale e empresas de energia e telecomunicações, ficou também conhecida por inúmeros apagões elétricos e sociais entre outras barbeiragens de poder que o doutor não tinha uma fórmula pronta nos laboratórios universitários que pudesse ter usado, nem tampouco conseguiu elaborar alguma fórmula para dirimir os problemas sociais, como o desemprego recorde, o aumento substancial do subemprego, da mendicância, da toxicomania, e outros.

Por sua vez, Lula assassina o idioma dos letrados conforme declarações de Caetano Veloso em entrevista ao jornal Estado de São Paulo: Lula "não sabe falar, é cafona e grosseiro". Mas ele foi capaz de dizer o “idioma caipira” que os brasileiros entenderam, demonstrando que “falar bonito e ser elegante” não é fórmula para assegurar aprovação da massa representada pela maioria absoluta populacional.

Não é que o Lula não tenha cometido suas barbeiragens de percurso. Inclusive, foi no seu governo a privatização de rodovias importantes, de redes bancárias e de hidrelétricas, além de não ter conseguido fazer o “Brasil ideal”, que tanto sonhamos. Portanto, entender aquilo que os números frios apontam: o “analfabeto” dando aulas de gestão ao “doutor”, mesmo que não é possível generalizar, pois nem todo doutor está fadado ao fracasso, como nem todo analfabeto terá a capacidade de falar para o povo entender. Porém, o “sociólogo” e o “analfabeto” demonstraram essa possibilidade.
Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 19 do Jornal "O Pioneiro"

Devido à inoperância do Estado através de seus representantes nos poderes executivo, legislativo e judiciário, está se tornando prática comum, a quebra de regras e normas por causa da ineficiência deste mesmo Estado em não assegurar os direitos básicos normatizados a todos os cidadãos.

O direito de ir e vir é cláusula pátria assegurado na Constituição Federal no artigo 5º, que inclusive, inicia frisando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Mas barrar o “ir e vir” das pessoas e seus meios, principalmente com o fechamento de vias de acesso público, tornou uma das alternativas de grupos e movimentos sociais para reivindicar direitos garantidos e que não são plenamente assegurados pelo Estado.

Amparado pela mesma legislação, a resposta da inoperância é o uso da força legítima conforme denominou Max Weber, simplesmente para manter o status quo. O abuso do poderio militar contra o mesmo povo que sustenta o Estado e que apenas cobra respostas práticas para a efetivação dos direitos fundamentais já normatizados. Mas, quando os cidadãos quebram as regras, logo vem a ordem de cima e ordena: “peguem esses idiotas e enterrem”, como fizeram em Eldorado do Carajás, Corumbiara, e tantos outras localidades deste “país democrático”. 

A educação, um direito de todos, amparado pela Constituição Federal, é um desses direitos fundamentais que ocupa lugar de destaque entre os demais direitos humanos porque é essencial e indispensável para o exercício da cidadania, pois nenhum dos outros direitos civil, político, econômico e social podem ser praticados por nenhum indivíduo sem que tenha recebido o mínimo de educação. 

Portanto, agora, até professores, alunos e pais já começaram a proibir o direito de ir e vir só para chamar a atenção do poder público e pedir socorro para que não venham a ficar soterrados a qualquer momento sob os escombros de antigas escolas públicas, condenadas e sem condições de acomodar seres humanos devido às péssimas condições em que se encontram. Mas, policiais, que também são pais de alunos destes vergonhosos estabelecimentos de ensino, em nome do Estado, estufam o peito, apontam os cassetetes e dizem arrogantes que a proibição do direito de ir e vir é crime, como se negar o direito a educação e tantos outros não seja crime.

Afinal de contas, quem está burlando as regras: o cidadão ou o Estado? Sabemos que ao cidadão restam poucas alternativas para reivindicar, enquanto o Estado exerce o poder coercitivo para negar esses mesmos direitos. Portanto, seria melhor não quebrar normas instituídas, mas enquanto o Estado não cumprir o seu papel, cabe aos cidadãos e aos movimentos sociais quebrar as regras estabelecidas para ter a garantia da efetividade dos seus direitos.
Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 18 do Jornal "O Pioneiro"

Começou a caça aos votos. Alguns políticos que depois de desaparecer por quatro anos, estão de volta se reapresentando ao povo. Entra em cena a competição eleitoral que sempre se conflita com o tempo das copas do mundo. Momento em que o povão anestesiado da paixão pelo futebol arte da seleção brasileira, esquece por instantes as frustrações e desilusões políticas. Essa dupla função em dividir a atenção faz com que um olho esteja na TV para assistir o “jogo do Brasil” e o outro no político picareta e paraquedista que torce com você eleitor, e dependendo das circunstâncias do jogo, chora lágrimas de crocodilo. Mas, se o resultado for bom, come do seu churrasco comemorativo e pior ainda, te abraça, dá tapinhas nas costas de tanta felicidade por aquele momento ímpar que só volta a acontecer daqui a exatos quatro anos.

Recentemente, eu e vários torcedores, dividimos nossa atenção entre a escalação da seleção de Dunga para os jogos na África do Sul, com vários políticos que caíram por aqui, sem contar com aqueles que são os chamados de “santos de casa”, pois conforme o dito popular, não faz milagres, entretanto não caem de paraquedas, mas precisam ser olhados.

Entre os paraquedistas, tem aqueles que chegam, não fazem nenhuma proposta que visem alguma melhoria na qualidade de vida do povo, mas sai por aí falando que é o rei da pamonha de Val de Cães e parte para o ataque como se fosse o Robinho, dizendo que faz e que acontece, que prende, que apanha, que mata. Rechaça, satiriza e condena o local instituído por manifestação popular. Uma vergonha do nível básico ao nacional. Pior, para quem nunca se manifestou em se posicionar na defesa dos pagadores de impostos, ”leiam-se eleitores”, durante tanto tempo de mandato. Aí pergunto: porque apareceu agora? Foi só prá comer do nosso churrasco enquanto assistíamos boquiaberta a escalação em que Neymar e Ganso ficaram de fora.

Ainda tem aqueles que caem, deixam o paraquedas aberto para alçar outros voos, porque não tem muito tempo a “perder” por falta de ações de mandato e se justificam de todas as formas dizendo que não pôde fazer nada, por causa da crise internacional, das catástrofes recentes que abalaram o Haiti e o Chile e que estavam preparando conversa pra boi dormir.

Percebemos então que políticos têm de todos os tipos e gostos, mas, são os piores tipos e os piores gostos os mais preferidos por serem extrovertidos, bons de “lábia”, ou seja, entendem do “enroleition”, do “roboleition” e do “embromeition”, apesar de não terem propostas práticas em favor dos “pagadores de impostos” que os mantém no poder.

Portanto, que o olho para vigiar os políticos esteja bem aberto e o outro consiga ver muitos gols. Do Brasil, é claro!...
Edmilson Peixoto
Produzido por Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 17 do Jornal "O Pioneiro"

É cada vez mais impressionante a incapacidade de aprender a aprender por parte dos estudantes dos sistemas públicos de ensino, numa geração onde impera o famoso “faz de conta que ensina que eu finjo que aprendo”.
O poder da reflexão que está no interior de cada indivíduo para a construção crítica do saber, já não prevalece mais, e passou a dar espaço para a ignorância, sendo comum ouvirmos elogios ao repugnante e indignação pelo eloquente do tipo: “passa uma prova facinha”, “a prova tava de matar”; “quem não cola, não sai da escola”; “estudar prá que se o futuro é a morte”; e por aí vai.
As aulas, com menos de uma hora cada, não são momentos de aproveitamento para a busca de conhecimento, parecem mais momentos de tortura e que duram uma eternidade.
Quanto aos professores, estes recebem denominações especiais de acordo com sua metodologia. Os bonzinhos são aqueles que geralmente fabricam notas por falta de conteúdo e quando aparecem, ocupam o “tempo eterno” como a maioria quer, ou seja, também não estão muito a fim de produzir nada. Os marrons são aqueles que estão entre a cruz e a espada. Vez por outra comporta como mocinho, outras vezes como bandido. Já os chatos, que também são conhecidos por alguns de “caxias”, são repugnantes por exigir um pouquinho mais de esforço do aluno. Sempre está presente em todas as aulas e utiliza como método de avaliação algumas atividades reflexivas.
Podemos considerar que estamos vivendo a super modernidade do século XXI, na era da microeletrônica e quando se reportam sobre culturas anteriores denominam-nas de “atrasadas”, como aquelas do período socrático. Há uma contradição porque naquele período havia o interesse em adquirir o conhecimento, ao passo que no nosso tempo, busca-se adquirir apenas o diploma. Então o “atraso” está é aqui. Assim, recorro a Balsa Melo, poeta paraibano que disse: “compadeço-me com o analfabetismo em face da falta de oportunidades. Mas não consigo conviver com os diplomados-analfabetos!”
A ignorância é tanta que quando alguma disciplina não é ofertada por falta de professor, não vê nenhum problema porque não interessa o aprendizado, mas sim as notas e estas serão lançadas no boletim. E acham que melhor seria se fossem distribuídas notas para todas as disciplinas e que nem precisasse de professores. Ou seja, basta apenas uma nota mínima e que satisfaça o sistema pra que já estejam prontos os analfabetos diplomados sem preparo para o futuro, mas preparados para o fracasso.
Portanto, este é o sistema de ensino que temos e que prega a qualidade, mas que dá condições apenas para a formação de um grande contingente de analfabetos escolarizados.
Edmilson Peixoto
Escrito por Edmilson Alves Peixoto
Sou torcedor do Vasco da Gama, mas confesso que o Adriano e Vagner Love, atacantes do time do Flamengo, deram lições de sociologia para muita gente, quando repercutiram na mídia, não somente pelo bom futebol que praticam, mas por retornar às origens, na favela. Adriano confessou uma briga de casal e explicou sobre um “presente” que havia dado, mas depois caiu nas graças dos torcedores. Vagner Love admitiu no mesmo período ter estado numa festa na favela e que havia traficantes armados por lá. Todo mundo sabe que muitas favelas são governadas por traficantes. E todo mundo sabe que qualquer coisa que aconteça nesses lugares conta com a presença dos soldados do tráfico. Então, se há uma festa por lá, todo mundo sabe o que está acontecendo. Mas ninguém pode ver isso na mídia. Quando o Love foi para a festa e um vídeo foi divulgado com ele andando cercado de homens armados, foi aquele barulho. Basicamente, é o contrário do que aconteceu com o Adriano, mas essas coisas ninguém deveria ver. É uma vergonha quando as evidências da ausência do Estado se materializam.

A resposta de Love foi incrivelmente sincera: eu sou da favela, vivi lá, frequento aquele lugar. E isso quer dizer: sempre convivi com os soldados do tráfico, como qualquer morador de favela. Observem que ninguém sai na mídia porque foi em festa que tinha traficante armado na favela, a não ser que seja o Vagner Love. Aí não pode. Será investigado pela polícia. Cometeu um crime horrível. Deu visibilidade à incapacidade do Estado. Tornou visível o que deveria ser invisível.

Enquanto dois homens públicos e de origem humilde expunham sinceramente suas vidas, com efeitos opostos, o Estado expunha também uma terrível dialética visível/invisível: retirava de uma mãe cigana sua filha de um ano, à força, em frente às câmeras na cidade de Jundiaí/SP. O juiz da Vara da Infância e da Juventude determinou que a criança fosse retirada da mãe, pois esta estaria utilizando-a para conseguir esmolas (estaria “visibilizando” a criança, que não poderia ser assim explorada). A decisão foi tomada por conta de uma denúncia anônima, mas muitos confirmaram que ela estava apenas lendo mãos (não pedia esmola) e levava sua filha no colo.

Foi um ato de preconceito. A sorte da mãe cigana foi ter sido filmada perdendo a filha, imagem que sensibilizou muita gente. Depois da repercussão, o mesmo juiz determinou a devolução da criança.

O fato é que se as câmeras não tivessem filmado a separação, a mãe cigana ainda estaria chorando pela filha. Imaginem quantos não sofrem por infringir leis não escritas de visibilidade/invisibilidade? O ataque do flamengo, de alguma forma, produziu um curto-circuito nessas regras, fazendo nos ver o que não deveríamos ver, ou melhor, nos fez ver melhor o que aconteceu com a mãe cigana e refletir sobre tantas cenas que ocorrem na invisibilidade e nos perguntar: os ciganos tem que se submeter a padrões comportamentais que não são deles? Pode-se arrancar da mãe, com força policial, sua filha bebê, porque ela é cigana? É crime ser cigano neste país?
Edmilson Peixoto
Após frisarmos sobre a cultura da não-violência, acreditamos que seja necessário dar continuidade a um tema de extrema importância, num momento histórico que constantemente estamos desconstruindo muitas práticas violentas das quais fomos formados e até submetidos, analisando ao mesmo tempo a possibilidade de contribuirmos também para praticarmos uma cultura de paz.
Se observarmos à nossa volta, podemos perceber várias construções perversas de violência contra o ser humano, principalmente contra os mais pobres que sofrem das piores mazelas sociais. O esquecimento ou abandono do cidadão e da cidadã pobre é um dos mais aberrantes modelos de violência já construídos, principalmente no campo da representação de cunho democrático, e aqui percebemos que esse povo, que é a maioria absoluta, é aquele que mais contribui para referendar esta representação. Por outro lado, o esquecimento e o abandono são seus maiores aliados, mesmo sendo “representados” nas diferentes esferas de poder.
Um exemplo simples desta violência contra os seres humanos pode ser daqueles que moram bem próximos e na mesma região da maior usina hidrelétrica totalmente brasileira, localizada no município de Tucuruí, e onde estes humanos, não contam com um sistema de distribuição de energia, no seu bairro, na sua rua, e é taxado de “clandestino” quando conseguem com muito sacrifício, milhares de metros de cabos elétricos para ligar em alguma rede que passar mais próxima de suas casas, operando verdadeiras gambiarras denominadas de “gatos” para que possa ter uma viver o “progresso” juntamente com suas famílias.
Mas, os excluídos do sistema elétrico, não tem um comprovante de residência, normatizados por uma fatura de energia, de água ou telefone; não tem iluminação pública; e muitas vezes não conseguem nem acender uma lâmpada nas pontas de redes.
Este é apenas um exemplo da infinidade de violências que a cada dia somos submetidos e que passamos despercebidos e não paramos para verificar quem são os verdadeiros responsáveis.
O pior de tudo mesmo é quando os desumanos apenas aceitam e vivem a reclamar nos bastidores da miséria. Obviamente estes sempre serão ainda mais desumanizados e não conseguem desconstruir este tipo de violência, mas, se iniciar um processo de construção de mobilização e luta coletiva, com certeza, as vitórias também poderão ser consideradas com a desconstrução de violências invisíveis e passar a humanizar o ser humano. Vamos unificar para à luta.
Edmilson Peixoto
O poder do pensamento, da criação e desconstrução humana é extraordinário e às vezes intrigante.
Quando nos referimos ao “ser importante”, percebemos que tudo, não passa de um processo contínuo de construção e/ou desconstrução humana, tendo como aliados, o espaço, o tempo e a cultura em que o indivíduo está inserido.
Ao nascer, o ser humano é apenas um organismo biológico, totalmente desprovido de cultura, que à medida que estabelece relações com outros seres de sua espécie, compreende o mundo de acordo com esta convivência, iniciando na família, onde passa por um dos primeiros ritos de passagem que é o princípio do processo de construção de sua sociabilidade podendo até desconstruir ou ampliar este aprendizado futuramente com a aquisição de novos conhecimentos em outros grupos sociais.
A violência, antítese da paz, por exemplo, não são meros acasos, mas produções humanas, construídas socialmente e que assusta, revolta e até comove aquele que sofre no outro lado e que também é outro ser humano. Esta violência, portanto, é praticada por homens de natureza egoísta, perversa ou incessível, mas, que adquiriram nos ensinamentos de sua própria sociedade e este aprendizado em sua maioria de forma desumanizada e sem valores morais faz-nos refletir as palavras do filósofo Jean-Jacques Rousseau: “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.
A paz tão desejada por uma imensa parcela de indivíduos, sufocada por uma minoria violenta, está associada aos comportamentos adequados e estilos de vida aceitos socialmente, necessitando ser construída e expandida enquanto produto cultural no seio da sociedade. Por outro lado é preciso também avançar na desconstrução das práticas culturais de violência que existem.
Um grande exemplo desta construção ou desconstrução está em Mahatma Gandhi, um dos maiores defensores da cultura de paz, mas, assassinado no dia 30 de janeiro de 1948, e o dia de sua morte foi proclamado como o dia da não-violência em sua homenagem. Portanto, deixa para nós, o ideal de paz e não-violência assim descritas em uma de suas frases: "Não existe um caminho para a paz! A paz é o caminho!".
Portanto, acreditamos que a educação, a vivência dos valores sociais e a cooperação mútua entre os povos, possam ser parceiros na construção de elementos que traga a paz ao ser humano em tempos de muita violência, principalmente contra os direitos do negro, da mulher, do índio, dos idosos, enfim, dos direitos de todos os seres humanos.
Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado no Jornal "O Pioneiro" e no Jornal "Opinião"

Analisando bem o termo importante em relação ao sujeito, é plausível de reflexão não somente o indivíduo “importante”, mas também o tempo e o momento em que se vive.
De um lado, ser importante e ter poder, pode ser convergente ou porque não dizer que pode também ter uma característica antagônica ao mesmo tempo. Depende muito com quem se relaciona, qual a tendência dessa relação e onde e quando acontece a tal importância.
A frase popular “Diz-me com quem andas que te direi quem és”, faz uma ligação com o cotidiano do ser que é importante ou que assim se considera em seus diferentes aspectos, tanto no campo político, filisófico, religioso, ético, moral, social, cultural, ou em qualquer das relações de poder com que se identifica.
Veja bem: se as relações com o grupo ou com o cidadão do grupo são afinadas ideologicamente, o ser importante passa a ter importância extrema no processo da reciprocidade da confidência das estratégias e dos segredos e as portas se abrem pela comunhão desta linha de pensamento confidencial. Entretanto, o mesmo ser importante, neste momento, que importância tem para os opositores do pensamento? Nenhuma. Provavelmente traçarão metas para eliminar esta importância.
O importante do momento passa a ser um ser sem importância porque a importância é um valor moral na linha da viseira e amoral para quem está olhando para o oposto.
Assim, ser importante é estar atrelado a apenas uma parcela ou frações da unidade, mas quando se tratam da universalidade, o outro lado fracionário pode tratar esse mesmo indivíduo como um ser importante, mas sem a devida importância.
Afinal de contas, quem é importante? É bastante confuso, mas também está muito claro. Ser importante é quebrar a relação da utopia, da democracia, da anarquia e não ser importante é ser brega, sem valor e se for dotado de poder sem ser importante na forma elegante, passa a ser ignorado sem ser respeitado. Assim vejamos: A importância se concretiza em aspectos como no carro em que se passeia, na roupa em que se veste, no amigo que tem como companhia, no político de dentro do grupo, na qualidade da casa que moras, na família e nome da família que se tem, na escola que estuda, no local que se trabalha, etc., etc., etc. e tantos outros.
Ser importante é sentir-se melhor que o outro, ou estar acima do outro numa hierarquia não visível de poder, ou estar hierarquizado. Ou seja, é ter alguém menos importante ou sem importância numa escala inferior de poder.
Todos nós somos importantes. Depende somente do momento e do tempo para que haja alguém menos importante ou até mesmo no nosso íntimo quando sentimos que não somos notados ou inadequados e evidentemente sentimos que somos um ser ou seres sem nenhuma importância.