Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 30 do Jornal "O Pioneiro"

Cada sociedade se identifica ao legitimarem expressões próprias, ou estilos de vida que marcam o grupo social, ou seja, é algo particular que é desenvolvido e caracterizado pelo conjunto de indivíduos que compartilham a mesma cultura.

O “Brasil externo” passou a definir o carnaval e o futebol como a “identidade do povo brasileiro” considerando como um estilo próprio do nosso país. Mas retornando às origens, descobrimos que a primeira manifestação carnavalesca ocorreu no Egito, sendo uma festa marcada por danças e cantorias em volta de fogueiras, onde os foliões usavam máscaras e disfarces para simbolizar a inexistência de classes sociais. Por sua vez, o futebol, foi criado na Inglaterra, mas é originário da China, pois lá era praticado esporte semelhante ao futebol por soldados do Imperador Xeng Ti 25 séculos a.C., utilizando uma bola feita de pele de animal recheada com ferragens.

O carnaval e o futebol sem dúvida tornou-se uma marca inconfundível do Brasil, mas não é genuinamente brasileira, mesmo que seus defensores venham a dizer que ninguém sabe “gingar” melhor que o brasileiro seja na dança ou no jogo. Portanto, entre a origem e o gingado, será que é possível dizer que esta identidade é nossa?

Mas, podemos sintetizar numa análise superficial que, “tudo é festa”, seja nos “sambódromos” oficiais ou improvisados nas avenidas, ou nos “estádios” gramados e nos “peladeiros” compostos por dois tijolos de cada lado “do campo” demarcado no meio da rua, transportando todo um sentimento de alegria e felicidade em diversão, lazer e muito prazer, como se existissem somente momentos de encantamentos no “país dos mascarados”.

Por outro lado, existe o “Brasil real” que sempre está na invisibilidade, não podendo aparecer aos olhos do turista e do mundo, com aquele “jeitinho brasileiro” que tornou famosa a expressão: “você sabe com quem está falando?” num jeito cruel e desafiador de humilhar e demonstrar poder para alguém que numa hierarquia não vista, é colocado como “inferior ao outro” e aí não tem como mascarar a realidade.

Assim, o Brasil não se resume em carnaval e futebol. Estes são apenas “exportados” como marca para “camuflar” a verdadeira essência deste “Brasil real” por resumir-se em festa onde as diferenças sociais não são percebidas, pois escondem atrás destas máscaras, as verdadeiras facetas da discriminação social, racial, política, sexual, cultural, enfim, o país da impunidade onde políticos passam anos e anos e não fazem absolutamente nada em prol do povo, mas vangloriam que foram “legitimados pelo voto”, portanto, por uma “população dos sem máscaras”, composta de miseráveis e “analfabetos políticos” que ainda “vendem votos” para sobreviver ou tentar viver.

Portanto, vamos ficar atentos para que a “identidade cultural” brasileira, representada pelo carnaval e pelo futebol possa servir também de parâmetros reflexivos das questões inerentes a miséria humana que contradiz a situação de um país tão rico, mas que tenta cobrir suas mazelas atrás das máscaras da igualdade social.