Edmilson Peixoto

Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 29 do Jornal "O Pioneiro"

Durante muito tempo o homem foi considerado produto do meio, norteando uma das mais conhecidas filosofias socráticas. Mas, o filósofo também dizia que a moral e a virtude não podiam ser ensinadas e eram eminentemente ou não do ser humano, uma vez que a pessoa que nasceu sem elas nunca poderia aprendê-las, ou praticá-las.

Quando Jean-Paul Sartre frisa uma leitura existencialista do marxismo, diz que a essência do homem é não ter essência. A essência do homem é algo que ele próprio constrói, ou seja, a História. "A existência precede a essência"; nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que é construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim como o homem produz o seu próprio ambiente.

Ao partirmos desse princípio, podemos imaginar como o ser humano vem construindo sua História e como se insere no emaranhado desta construção social. Uma teia que ele mesmo está tecendo. Por outro lado, como o ambiente criador desse produto deixa de ser fator preponderante da existência humana e quando esse homem vai deixando de ser criatura e começa a rebelar, burlar e desmistificar o poder criador que até então pertencia ao meio.

Quando Sócrates compreendia que a moral e a virtude humana são natas de cada um que a possui, imagine qual o senso de responsabilidade e respeito entre a “criatura” (homem) que simplesmente destrói o seu criador (ambiente). A moral e a virtude passam a ser vistas como amorais pela viseira dos “normais” que destroem o “criador” em nome de si mesmo e do engrandecimento econômico e político de cunho estritamente individualista e perverso. Resumindo podemos dizer que a moral e a virtude são méritos de poucos homens que respeitam a si mesmos e ao meio em que vivem.

As catástrofes naturais que ora vem ocorrendo são sinais clarividentes desta tentativa de inversão dos papéis entre criador e criatura. O homem, ao assumir lugar de criador e dar outro destino ao meio, sofre sua reação muitas vezes perversa, mas, podemos considerá-la como normal, pois segue o próprio curso da história construída pela ganância durante muitos anos fazendo com que a inversão se complete: ”o meio passa a ser produto do homem”.Como o homem constrói sua própria história, percebemos então que essa construção está alicerçada em lugar nenhum, sem nenhuma base existencial de relações sociais duradouras, mas de caprichos e desejos pessoais.

Assim podemos concluir: A desconstrução do ambiente para construir a história humana, faz com que o homem construa o seu próprio fim.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    como disse padre Zezinho em um dos seus cânticos "diante de te ponho a vida e ponho a morte, tu deves escolher se escolhe matar também morrerá, se escolhe viver também viverás" O homem nos dias atuais e sempre tem modificado o meio onde vive de forma violenta, sem se preocupar com a vida que o cerca, assim vem puchando cada vez mais forte o nó no seu próprio pescoço.É vejo que o homem tem escolhido matar por isso tem morrido muito mais. Antonio Nilson Paz