Edmilson Peixoto
Autor: Edmilson Alves Peixoto
Publicado na Edição nº 35 do Jornal "O Pioneiro" (18/07 a 15/08/2011)

Recentemente foi postado um comentário num blog local, por um cidadão que se dizia indignado e ofendido com as palavras proferidas por uma repórter de TV que comparou o Estado do Maranhão a réplica de uma vila construída para uma festa escolar.

Esta é apenas uma das inúmeras ofensas e menosprezo aos maranhenses, provocadas pelo povo de nossa região, porque constantemente estamos ouvindo expressões provocativas, onde os provocadores se julgam de certo modo melhores que os outros e até parece que há uma contaminação por parte dos “forasteiros” do ambiente em que eles frequentam. São mensagens e comentários maldosos e debochados, onde muitos atribuem nos seus bojos que as mazelas sociais, culturais, econômicas e até biológicas provém do Maranhão e de seus filhos.

Parece ser uma luta de demarcar territórios com uma defesa inconsciente, visto que os territórios não delimitam em nada além de uma fronteira fictícia que apesar de sua normatização e aceitação social, continua sendo imaginária e serve apenas para determinar uma organização político-administrativa e não para inferiorizar os povos de um lado ou do outro, muito menos suas culturas.

O que observamos é que são práticas etnocêntricas considerando que cada indivíduo se enche de razão para defender seu território cultural e tanto eu, como você ou qualquer um nós somos um pouquinho etnocêntricos em acreditar que a cultura de outros povos deveriam se adequar ou igualar a nossa, ou colocarmos-nos numa escala de superioridade em relação às demais culturas. Portanto, chegar ao ponto de não conceber que vivemos no mesmo patamar de tratamento sociocultural é no mínimo pura ignorância.

Mas, devido o preconceito visível nestas “brincadeiras”, podemos classificá-las ainda como atitudes xenofóbicas, pois torna percebível que o “desconhecido” ou “alguém de fora” do espaço precisa ser tratado com aversão ou ódio, mesmo que seja em tom de gracejo, faz com que os “forasteiros” sintam-se recuados e envergonhados em declarar seu natural para facilitar a redução do menosprezo e da rejeição que os inferiorizam em terras estranhas.

Este tratamento dispensado aos nossos irmãos lá do Maranhão tem sua história, e não é com base em condições econômicas territorialistas e muito menos sobre o direito de propriedade, pois o sistema dominante que esfacela os indivíduos está presente em qualquer rincão deste país e a superioridade está marcada em escalas de poder econômico e político além do prestígio de alguns em detrimento dos demais em qualquer estado brasileiro e não porque nasceu no Maranhão ou qualquer outro lugar.

Aos provocadores de plantão é preciso que entendam que o tratamento dispensado aos nossos irmãos maranhenses precisa ser revisto e ao invés de vestir-se de debochador, procure conhecer a história do Maranhão, sua cultura, sua gente e perceber que as pessoas precisam ser tratadas com mais respeito, sejam elas de qualquer parte do mundo, sejam negras, brancas, idosos, índios, crianças, mulheres, jovens, enfim, todos os seres humanos. 

Quanto ao “Maranhense Indignado”, parabéns pela atitude. É necessário que as pessoas maltratadas e ofendidas injustamente se indignem, pois só com muita indignação podemos obter a tão sonhada justiça social