Edmilson Peixoto
Publicado na Edição nº 37 do Jornal "O Pioneiro" (...)
             Alguns dias atrás fiz uma análise sobre o poder da representatividade que os políticos exercem sobre nós, pobres eleitores, e é impressionante como o poder político burla a democracia ao generalizar sua plenitude. Mas, a democracia da representatividade está em frangalhos; um verdadeiro esfacelamento. Então, acredito que podemos considerar nossa participação, tão somente como se fôssemos “fragmentos democráticos”.
O fragmento democrático que nos cabe é ditado por uma parcela muito pequena da sociedade e quando recorremos aos números, observamos, por exemplo, que aqui em Canaã dos Carajás tem 20.697 eleitores aptos para o exercício do voto e deste total, somente 2.718 estão distribuídos nos 24 partidos existentes por aqui e isso representa apenas 13% do eleitorado que faz a primeira seleção dos nomes que iremos votar. Então a primeira seletiva já implica no corte democrático da representatividade política.
Por outro lado, dentre os partidos existentes, cinco deles sozinhos tem mais da metade dos eleitores filiados, ao passo que entre os denominados “nanicos” existem aqueles que contam apenas com os representantes das suas comissões provisórias, ou diretórios e só existem para solicitar uma fatia maior do bolo na divisão dos cargos governamentais e dos recursos públicos, ao passo que os partidos maiores por conseguir agregar mais filiados, geralmente são aqueles que colocam as cartas na mesa e ditam as regras.
            Assim, tornou-se comum que nos momentos de eleição, os “candidatos da gente”, já foram empurrados para nós “goela abaixo”, pois cabe aos partidos a definição e a escolha dos “melhores nomes” dentre seus correligionários que precisam ser dotados de confiança, importância e poder de urna. Somente a partir daí é que podemos opinar com o nosso voto, ou seja, vivemos a rebocar a “democracia de palanques” de teorias ilusórias, pois deveria caber a nós, a “massa de manobra”, a escolha dos melhores quadros que representasse os anseios, angústias e satisfações populares com projetos políticos de prioridade social.
Este primeiro critério de escolha, em muitas situações, cabe aos “donos dos partidos” e não ao conjunto de seus filiados e na maioria destas escolhas, sobressaem lideranças ultrapassadas e autoritárias, logicamente antidemocráticas, que quando chegam ao poder, passam a governar sem participação da população e ainda fazem gracinhas em nome da democracia. Mas, numa primeira ação de cunho popular é capaz de solicitar que a polícia dialogue à sua maneira com cassetetes, bombas de efeito moral e outros artefatos contra o mesmo povo que o elegeu, ou até silenciando vozes, para torná-las inoperantes.
Portanto, para ter uma participação mais efetiva, nós, os eleitores, deveríamos ser filiados aos partidos para agregar maior poder de decisão. Mas, como os partidos que já galgaram o poder também não correspondem porque grande parte de seus líderes não têm princípios e valores morais, torna-os sem credibilidade para com a sociedade e findam sendo muito mais enlameados que as suas lideranças no lamaçal da corrupção. Uma pena!